Nesse
primeiro texto, quero deixar muito clara a minha intenção com a criação desse
espaço, carinhosamente intitulado We can be readers – sim, aludindo à Heroes, de David Bowie, que também foi
um leitor voraz, além de ser um artista único.
O
que me faz gostar de literatura acima de todas as outras coisas do mundo não é
apenas a minha formação acadêmica. Provavelmente se eu tivesse cursado direito,
veterinária ou engenharia seria leitora da mesma forma.
Porém,
o que poderia ser diferente nesse trajeto é a forma de ler as coisas. O curso
de Letras mudou a minha vida. In fact,
a linguística mudou a minha vida. Analisar uma língua, o processo de produção
de linguagem, estudar a ideologia implícita ou explícita na linguagem (sim, a
linguagem é ideológica, tudo o que você faz na sua vida é político e
ideológico, sorry about that) fez com
que eu me visse muito mais crítica em relação às informações recebidas via
texto escrito, via noticiário, via qualquer coisa. Essa mudança não se deu do
dia para noite, foi um longo processo que ainda está em curso, como tudo no
mundo. Ler um texto de ficção ou de não ficção é aceitar entrar nesse jogo
maravilhoso da linguagem e esse é o convite que faço a vocês.
Esse
espaço vai ser usado para falar de livros, mas de uma forma que possamos
enxergar as armadilhas, as belezas, as omissões e as incertezas inerentes à
linguagem. A linguagem molda o nosso real e não o contrário. Não estamos
inseridos em um mundo concretamente igual para todos e aí a linguagem faz o
papel de decodificação direta e perfeita, ao contrário. A linguagem é algo em
relação alguma coisa, dita por um sujeito. Por isso, quando você ouvir alguém
falando que está a serviço “da verdade”, desconfie. Ela não é única. Ela
existe, mas possui muitas faces. Como se fosse uma pessoa – afinal, é produzida
por pessoas.
Outro
ponto que desejo abordar muito nessa trajetória que se inicia é a leitura de
poemas. Temos poetas maravilhosos em nossa literatura, por que não lemos poesia?
É difícil. Eu não entendo nada. É muita viagem, não tem sentido. Essas são as
respostas mais comuns. Vamos ver que a leitura de poesia exige apenas um
pouquinho de paciência e uma mudança de eixo: da horizontal de uma história
linear, passaremos para a vertical de um salto no abismo. Essa vertigem é a
poesia, e ela pode ser sentida por todos aqueles que se entregam a ela.
Estou pensando há dias sobre um conto que cai como uma luva para nossos tempos de pandemia e isolamento. Falar sobre isso, no entanto, requer dedicação, releitura. Prometo voltar em breve para discutir esse texto com vocês.
Aguarde o segundo post!
We can be readers.
4 comentários
Acompanhando teus textos e posicionamentos. Queremos literatura! S2
ResponderExcluirObrigada pelo teu apoio incondicional! Literatura teremos! :)
ExcluirAmando!!!
ResponderExcluirAhh coisa boa ler isso! Obrigada! <3
Excluir