Olá, leitores desse blog humildíssimo.
Estou aqui para contar uma história mais pessoal, porém sempre com aquele pé na literatura.
Ontem, 10 de julho, participei de uma live no instagram da Concha Editora, falando um pouco sobre o podcast We can be readers - a gênese, a proposta, o esquema da produção (local, equipamentos, roteiro) e também do planejamento dos episódios.
É claro que a coisa saiu dos trilhos e acabei falando sobre muitas outras coisas: livros digitais, o compromisso com a linguagem e como a gente pode e deve separar o crítico/estudioso de Letras dos leitores genuínos que habitam em nós, do contrário corremos o risco de matar novos leitores. Tudo isso está disponível no instagram da Concha e fica salvo no igtv (parte 1) e (parte 2).
A live teve uma boa repercussão: 22 pessoas aguentaram firme e forte, durante mais ou menos 1 hora de 30 minutos o meu falatório sempre repleto de ironias e piadas à Chandler de Friends. Eu não consegui ler os comentários, mas a galera participou bastante e fico feliz que o trabalho esteja repercutindo de alguma forma.
Fiquei pensando muito sobre Rio Grande ter tantos artistas foda e a coisa sempre morrer na praia, o que no nosso contexto geográfico é uma metáfora super gasta, mas verdadeira. Não sei o que é "ter sucesso". Para mim, é isso. Fazer com que pessoas, no meio de uma pandemia que está fodendo o nosso físico e piscológico, parem para ouvir sobre literatura e refletir sobre atos de leitura, possibilidades de consumir literatura. Isso é muito massa.
É importante, no entanto, sair. Repercutir em outros lados. É claro que eu amo o fato de que as pessoas que falam comigo no instagram sobre o podcast são conhecidos, amigos, ex-alunos, alunos aqui da região. Mas me pergunto, por que as pessoas do sul ou de determinadas áreas fora dos eixos das capitais não conseguem subir? Digo subir na humildade mesmo. Não é estar em uma posição de privilégio e, através de um contatinho, chegar a um grande veículo. Não é possível que sejamos tão dispensáveis a ponto de apenas lançar nossas vozes para quem está perto e para quem já nos acompanha - novamente, necessários, imprescindíveis e para quem eu faço a coisa acontecer.
Na verdade, eu faço o podcast para mim, em um primeiro momento. Pesquisar, reler, anotar coisas, procurar vídeos sobre as obras que quero comentar, pensar sobre literatura é uma coisa que eu gosto de fazer assim como se gosta de assistir filme, jogar vídeo-game ou jogar cartas. Ter alguém do outro lado que me ouça é fenomenal.
Só me questiono isso: o que será que nos faz ficar no plano horizontal, sem possibilidade de deslanchar para outros lados. Essa mudança de direção possibilitaria feedbacks diferentes, positivos ou negativos. Possibilitaria reflexões diferentes, reflexões de pessoas diferentes de nós, riograndinos/gaúchos isolados na nossa maior praia do mundo e remando contra a maré.
Muitas vezes é difícil até de se relacionar com quem está perto. Nem sempre eu consigo acompanhar todos os textos escritos por pessoas excelentes, nem sempre consigo estar presente em todas as lives de que gostaria - não importa se é promovida pela Concha ou pela Companhia das Letras, tem dias que simplesmente o computador já sugou todas as minhas energias ou surgiu uma reunião de última hora que comeu aquele tempo.
Houve um tempo na minha vida em que me preocupei: puxa, se vou escrever quero ser lida. Porém, a gente é lido, sim. Não há dúvidas. Procurei essa repercussão relâmpago, não sei, acho que em algum momento ela existiu. As redes sociais fazem esse trabalho de criar uma realidade onde você só importa se você "engaja" as pessoas em um número que ultrapassa os mil.
Amadureci muito esse pensamento para pensar que a gente se sente pequeno, mas é grande se faz as coisas com sinceridade. Essa é a tal da "identidade" de que tanto se fala nas redes quando pensamos produtos, conteúdo, criação.
Agradeço a todos que estão comigo nessa caminhada, direta ou indiretamente. Esse texto é para enaltecê-los e não para dizer que na verdade o que importa é a explosão midiática (eu nem tenho roupa pra isso!). É pensar como nossas vozes podem ser fracas ou fortes, depende de onde moramos, de que classe saímos, dos círculos por onde passamos.
Até a próxima e obrigada mais uma vez, por tudo!
Tem alguma dica de pauta? Quer ver um livro recomendado no podcast? Deixa aqui teu comentário ou entra em contato comigo lá pelo instagram e twitter: @wecanbereaders.
2 comentários
Obrigado, mais uma vez, por fazer acender uma chaminha no meu coração. Escreveste exatamente o que eu penso. O que fazemos com verdade e com convicção ganha valor de testemunha da gente... da gente pra gente. O outro do outro são outros quinhentos... Continuemos.
ResponderExcluirA única coisa que não dá para fazer na base da convicção é colocar gente na cadeia hahaha mas vamos lá, convictos de nosso valor, nossa sinceridade! <3
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