Olá, arrombadinhos telespectadores de BBB21 do meu Brasil! Como estão as coisas por aí?
Por aqui, anda tudo meio coisado, mas esse é o nosso verdadeiro "novo normal", então o melhor é abraçar o capeta e arder no fogo do inferno.
De modo a deixar o blog sempre lindo e iluminado de resenhas ou até mesmo indicações básicas, resolvi fazer esse post sobre três livros que li nessa semana que passou.
Vamos lá?
1. Meu corpo ainda quente, Sheyla Smanioto
A Sheyla já foi muito comentada no podcast e aqui no blog. Dona de uma escrita forte, agressiva, uma escrita provocadora, ela não decepciona nada em seu segundo romance, Meu corpo ainda quente. Eu comprei o livro diretamente com ela e veio com cartão e autógrafo, muito massa! <3
Eu vou trapacear e colar a minha resenha do Goodreads aqui, pois é muito sincera:
Assim como Desesterro, esse romance possui uma cadência muito peculiar e você deve ler com muita atenção para não se perder (embora eu não saiba se captei tudo direitinho).A experiência de leitura é amplificada pelo tom vermelho entre as páginas, realçando toda a violência da cidade fictícia, Vermelha, onde os corpos descartados na época da ditadura vão parar.
Esse dado sociológico histórico do Brasil não é aprofundado, mas colocado como síntese no livro na quarta capa. Claro que existem elementos e discursos dentro da narrativa que reforçam isso, mas o principal é a relação entre a Mãe (Antônia) e a filha (Jô). A posse do corpo das mulheres, para mim, é o grande fio "costurador" da narrativa. E tudo dito de um jeito metafórico e intenso, um jeito que a maioria das mulheres já deve ter se percebido. Ouso dizer que a experiência de leitura de Meu corpo ainda quente é muito mais intensa para as mulheres.
Violências (nem tão) silenciosas dentro de casa, uma Mãe repetindo "só morre quem não presta", um Pai autoritário e uma filha que, diante de um acontecimento chocante, se vê migrando para a capital - o que não dura muito tempo, pois volta para recolher os cacos de muitos corpos...
Não é acaso. Desaparecer um Corpo. Não é simples sumiço.
Cada corpo que desaparece é político (SMANIOTO, 2020, p. 25).
Na verdade, essa é uma releitura. O tema do livro gira em torno do luto pelo pai, coisa que Peixoto também vai reelaborar no livro Morreste-me, que não sei bem se é romance ou o que (eu tenho, mas ainda não embarquei).
Ainda, achei lindos os poemas feitos para os livros dele ou sobre os livros, não sei explicar. Ficou bem interessante esse caminho de volta a casa poética. Até para os tradutores de suas obras ele dedica poemas.
Como a tendência do Peixoto é não ser tão sucinto, vou deixar um trecho de poema (o que é uma violência sem tamanho):
Repara na manhã que nos rodeia.Saúda essa claridade, é um sopro